Almir Eduardo Melke Sater (Campo Grande, 14 de novembro de 1956) é um
violeiro, compositor, cantor, ator, instrumentista brasileiro. Gravou
seu primeiro disco solo Estradeiro em 1981 pela Continental. Participou
de diversos shows e festivais de música e, nos anos 90, ao aceitar
convites para representar em novelas "personagens de violeiro", teve sua
grande oportunidade de se tornar conhecido nacionalmente e assim dar
continuidade a sua real profissão: compositor e violeiro até os dias
atuais.
Seu estilo caracteriza-se pelo experimentalismo e sua música é
classificada como atemporal. Agrega uma sonoridade tipicamente caipira
da viola de 10 cordas e também com influências das culturas fronteiriças
do seu estado, como a música paraguaia e andina. E o resultado é único:
ao mesmo tempo reflete traços populares e eruditos, despertando atenção
de públicos diversos.
Com mais de 30 anos de carreira sólida e 10 discos solo gravados, Almir
tornou-se um dos responsáveis pela preservação da viola de 10 cordas,
sendo reinventada, o músico acrescentou um toque mais sofisticado ao
instrumento, temperado com estilos estrangeiros como o blues, o rock e o folk, uma mistura de música folclórica, erudita e popular.
Nascido em Campo Grande, Mato Grosso (Mato Grosso do Sul depois da
divisão do Estado) Almir Sater desde os doze anos já tocava violão e
gostava do mato e sons da natureza. Aos vinte anos mudou-se para o Rio
de Janeiro para estudar Direito, mas desistiu da carreira de Advogado,
motivado inicialmente por escutar no Largo do Machado uma dupla tocando
viola caipira. Retornou a Campo Grande onde formou a dupla Lupe e
Lampião com um amigo, adotando Lupe como nome artístico. Desfeita a
dupla, dedicou-se então ao estudo de viola de 10 cordas, tendo Tião
Carreiro como mestre. Motivado pela Música, foi para São Paulo para dar
início a sua carreira solo.
Anos 80 - Comitiva Esperança
Em 1979 foi para São Paulo, onde iniciou um trabalho com sua
conterrânea Tetê Espíndola, acompanhando também a cantora Diana Pequeno.
Gravou seu primeiro disco em 1981, Estradeiro contando com a
participação de Tetê Espíndola, Alzira Espíndola e Paulo Simões. Fez
parte da Geração Prata da Casa no início dos anos 80, sendo uma das
principais atrações do movimento que juntou os maiores expoentes da
música sul-mato-grossense.
Em 1986, juntamente com o parceiro Paulo Simões, com o maestro e
violinista Zé Gomes, o jornalista, crítico e pesquisador Zuza Homem de
Mello e do fotógrafo Raimundo Alves Filho, iniciou uma comitiva que
explorou o Pantanal, realizando registros fotográficos, pesquisando o
modo de vida dos pantaneiros de maneira poética, enquanto percorriam o
Paiaguás, Nhecolândia, Piquiri, São Lourenço e Abobral. Esse projeto,
batizado de Comitiva Esperança, resultou em um documentário co-produzido
pelo próprio artista juntamente com Paulo Simões.
Em 1988 foi escolhido por unanimidade pela crítica para participar da
abertura do Free Jazz Festival, em 1989, ao lado de nomes consagrados da
música mundial. Dono de um talento ímpar e versatilidade como cantor,
compositor, violeiro e instrumentista, sendo reconhecido como um dos
artistas mais completos da música brasileira. Único cantor do país a
cantar em Nashville, nos Estados Unidos (cidade considerada o berço da
música country americana), no mesmo ano, onde gravou o disco Rasta
Bonito com a participação de Eric Silver, resultou no encontro da viola
com o banjo americano.
Anos 90 e 2000 - Novelas e prêmios
Nos anos 90 ganhou três prêmios Sharp com as canções "Moura" (como
melhor música instrumental e solista) e como coautor de "Tocando em
Frente" como melhor canção na voz de Maria Bethânia, em parceria com
Renato Teixeira.
Na mesma década estréia como ator na telenovela Pantanal (de Benedito
Ruy Barbosa) pela Rede Manchete em 1990. Na trama, Almir deu muito o que
falar por sua interpretação como Trindade, um peão misterioso. Em 1991,
protagonizou ao lado de Ingra Liberato a novela A História de Ana Raio e
Zé Trovão, de Marcos Caruso, pela mesma emissora.
Paralelamente na mesma época, Almir Sater estabeleceu ricas parcerias
com Renato Teixeira e Paulo Simões, que criou verdadeiras pérolas do
cancioneiro regional-popular. Com Sérgio Reis, o artista fez parcerias
somente em novelas. Suas influências vão de Tião Carreiro, Al Jarreau,
Beatles e Pink Floyd às músicas fronteiriças com seu estado de Mato
Grosso do Sul, como a andina e paraguaia. Também toca violão folk de 12
cordas e charango. Os personagens vividos pelo ator possuíam essas
características similares como em O Rei do Gado, de Benedito Ruy
Barbosa, pela Rede Globo, entre 1996 e 1997, onde seu personagem fazia
dupla com o personagem de Sérgio Reis, "Pirilampo & Saracura", tendo
gravado, inclusive, músicas na trilha sonora da novela.
Sua última aparição como ator foi em 2006 na telenovela Bicho do Mato,
de Bosco Brasil e Cristianne Fridman (remake da telenovela homônima, de
Chico de Assis e Renato Corrêa e Castro exibida pela Rede Globo em
1972), pela Rede Record, em que interpretava o personagem Mariano.
Anos 2010 – presente
Em 2010 o artista foi um dos convidados para o especial e gravação do
DVD Emoções Sertanejas, em homenagem aos 50 anos de carreira de Roberto
Carlos. Sua interpretação para a canção "O Quintal do Vizinho", contida
e suave, recebeu diversos elogios, sendo apontada por vários internautas
como a mais bonita apresentação.
Em 2012 figurou entre os 30 maiores ícones brasileiros da guitarra e do
violão.
Em dezembro de 2015, Almir Sater e Renato Teixeira lançaram o álbum AR
nas plataformas digitais. Apesar de parceiros musicais e amigos de longa
data, foi a primeira vez que os artistas realizam um projeto juntos.
Gravado entre o Brasil e Nashville, Estados Unidos, com produção do
norte-americano Eric Silver, o álbum traz 10 músicas inéditas compostas
pela dupla. Os artistas navegam pelas vertentes do country ao folk, sem
perder sua essência, agregando ao purismo da música caipira e seus
ritmos genuínos. Por este álbum, Almir e Renato ganharam em 2016 os
prêmios de melhor dupla regional na 27.ª edição do Prêmio da Música
Brasileira e de Melhor Álbum de Música Regional ou de Raizes Brasileiras
no 17.º Grammy Latino. A música do álbum "D de Destino", composta por
Almir, Paulo Simões e Renato, foi indicada ao prêmio de Melhor Canção em
Língua Portuguesa do Grammy.
Os artistas gostaram tanto da feitura do primeiro disco AR que gravaram
o álbum +AR, distribuído pela Universal Music e lançado no dia 9 de
março de 2018. Ao todo são 10 canções inéditas como “Flor do Vidigal”,
“Venha me Ver”, “Quando a Gente Chama”, “Vira caipira”, “Eu, Você e um
Violão”, de autoria da dupla. Também estão presentes no repertório,
músicas com outros amigos e parceiros, como “Assim os Dias Passarão”
(parceria da dupla com Paulo Simões); “Touro Mocho” e “O Mascate” (de
Almir Sater e Paulo Simões); “Minas é Logo Ali” e “Festa na Floresta”
(parceria da dupla com Eric Silver).
O disco já havia despertado atenção da crítica especializada e foi
eleito pelo júri da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), no
dia 10 de agosto, entre os 25 melhores discos brasileiros lançados no
primeiro semestre de 2018 e premiado no 19º Grammy Latino, como “Melhor
Álbum de Música de Raízes da Língua Portuguesa“ em novembro. Apesar da
bem-sucedida parceria, os artistas retomaram agenda em 2019 com projetos
individuais.
Em 2019 recebeu o título de Honoris Causa da Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul.