Era
para ter escrito
sobre a revolução, mas não haveria tempo para concluir, já nas pesquisas vi que
seria complicado e demorado.
Mas nas
pesquisas achei um relato feito pelo Exercito Brasileiro e resolvi publicar essa matéria,
pois segue a mesma linha que eu queria
ter adotado. (Link abaixo)
Havia muito ufanismo no ar, os jornais, as rádios, o povo,
massivamente,
se revoltou contra a ditadura de Getulio Vargas que num golpe em
1930 assumiu o poder e logo no início de seu governo adotou
políticas de centralização do poder, como o fechamento do Congresso
e a abolição da Constituição de 1891, ou seja práticas ditatoriais.
A situação em 1930 não estava nada boa, mas Getúlio Vargas conseguiu
deixar pior ainda com seu governo "provisório" (que durou 17 anos),
ai veio a Revolução Constitucionalista de 1932. A luta de 32 não foi
separatista, foi constitucionalista, no entanto Getúlio Vargas
espalhava a versão oficial de que o verdadeiro objetivo da luta no
Estado de São Paulo era o de separar-se do Brasil, tentando evitar
que o movimento constitucionalista conseguisse a adesão popular em
outros Estados, além de enviarem tropas para lutar contra as tropas
paulistas.
"- São Paulo não pegou em
armas para combater os seus queridos irmãos de outros estados, nem
para praticar a loucura de separar-se do Brasil, mas, unicamente,
para apressar a volta do País ao regime constitucional."
- Ministro Manoel da Costa Manso - Presidente do Tribunal de Justiça
de São Paulo de 1931 a 1933.
“Na década de 1930 figuras proeminentes no estado eram separatistas,
como Monteiro Lobato, o historiador Alfredo Ellis Junior, Tácito de
Almeida”, elenca Vavy Borges,
professora aposentada da Unicamp e autora do livro Tenentismo e
Revolução Brasileira (1992).
Não se tratava, no entanto, de um sentimento disseminado ou presente
massivamente no movimento.
“Do ponto de vista do separatismo, ele é algo meio mitológico. Houve
um viés separatista, mas que de fato nunca foi tão importante no
movimento”, afirma Marcelo Santos de
Abreu, historiador e professor da Universidade Federal de Ouro Preto
(UFOP).
“Na verdade foi Getulio Vargas o grande responsável pois, para
combater a revolução, chamou-a de separatista. Foi uma jogada
política. Ele disse que era separatista e assim obteve o apoio do
resto do Brasil contra São Paulo”, explica Vavy
Borges.
Leia a integra em
https://www.cartacapital.com.br/sociedade/o-movimento-constitucionalista-de-1932-era-separatista
9 de julho é uma data não devidamente valorizada e nem devidamente
comemorada pelos paulistas, eles que deveriam tê-la como seu
principal feriado e ter muito orgulho pelos que deram a vida pela
democracia.
Mesmo perdendo nas armas, São Paulo ainda assim relativamente ganhou, Getúlio
acabou atendendo as reivindicações paulistas.
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Abaixo, compilação de textos recolhidos em algumas fontes distintas
(citadas):
O movimento de 1932 começou 23 meses antes. O desconforto nasceu com
a Revolução de 1930, quando mineiros e gaúchos conspiraram e
derrubaram o governo num golpe militar, que depôs um paulista, o
presidente Washington Luiz e impediu a posse do também paulista
Julio Prestes, assumindo uma “Junta Militar Governativa Provisória”
(24/10/1930 - 3/11/1930) para dar posse ao “Governo Provisório” de
Getulio Vargas, que no voto havia perdido para Julio Prestes.
(Folha de São Paulo - 5/7/1992)
Não havia duvidas de que o “Governo Provisório” de Vargas
centralizava cada vez mais o poder. O General Gois Monteiro, homem
forte de Getulio acusava São Paulo de separatismo e Getulio era
visto como um caudilho sinistro.
“- Os atos de Getulio Vargas como chefe do Governo Provisório davam
a entender que ele não pretendia realizar o plebiscito que
prometera, nem eleições, nem pensava em sair nunca mais do Catete. E
isso não estava certo e nem convinha para o Brasil”.
(General Aristoteles Ribeiro em O Mundo Ilustrado nº 75 de 7/7/1954)
A disparidade de forças era grande. Estimativas dão 35 mil homens
para os paulistas (em ação) e cerca de cem mil para o governo
Vargas.
São Paulo tinha menos canhões e aviões e não dispunha de marinha. Os
navios governistas puderam bloquear o porto de Santos, asfixiando
economicamente o Estado ao impedir a exportação de café. Também não
foi possível trazer armas compradas no exterior (Argentina e
Itália).
Mas assim como São Paulo não tinha condições de uma resistência
prolongada, o governo não tinha meios de uma ofensiva fulminante.
Foi o desmoronamento gradual das frentes que trouxe a derrota.
(Folha de São Paulo - 5/7/1992)
Mesmo derrotada, a Revolução deu a Getulio e ao circulo dos íntimos
a percepção de que não era possível tratar a “locomotiva paulista”
como um Estado vencido, e apesar dos paulistas acabarem derrotados
pelas forças legalistas Getulio foi obrigado a convocar a
Constituinte depois que a Revolução de 32 acabou.
(Folha de São Paulo - 5/7/1992)
São Paulo, obediente aos princípios democráticos imbuídos no povo
pelos pioneiros da Republica, teve a glória de ver coroados os seus
esforços com a proclamação da Constituinte, que pôs fim, embora
temporariamente, à ditadura, de novo implantada em 1937 e
devidamente enterrada em 29 de outubro de 1945.
(Revista O Mundo Ilustrado nº 75 de 7/7/1954)
“- As tradições democráticas de São Paulo se tornaram tão arraigadas
que o povo bandeirante não pôde, por mais tempo, suportar o jugo
ditatorial que lhe impunha a ditadura implantada pelos
aproveitadores, que se eternizavam no governo após o movimento
vitorioso de 1930.
Os ideais de liberdade não podiam subsistir, abafados como se
encontravam pela opressão dos triunfadores do dia, que não admitiam
opinião divergente do seu credo totalitário”.
(Geraldo Rocha em O Mundo Ilustrado nº 75 de 7/7/1954)
“- Perdemos a batalha mas não a causa, queríamos a constituição e a
tivemos. Morreu muita gente porém o Brasil conseguiu a
Constituinte”,
(Dr. Francisco Emigdio Pereira Neto - em O Mundo Ilustrado nº 75 de
7/7/1954)
“- Nunca houve em São Paulo quem alimentasse o sentimento
separatista. O movimento se processou com alevantado espírito de
brasilidade. São Paulo, farto do caudilhismo do Senhor Getulio
Vargas, decidiu, depois de muito sofrer, libertar-se do jugo odioso
e, consequentemente, libertar a nação”.
(Julio de Mesquita Filho em O Mundo Ilustrado nº 75 de 7/7/1954)
“- A razão principal da Revolução de 1932 foi a reivindicação da
autonomia, que estava perdida e negada pela ditadura de Vargas. São
Paulo, inteligentemente, quis atingir sua autonomia através da
reconstitucionalização geral do país. Daí o nome da Revolução.
A ação bélica dos paulistas foi das mais notáveis, basta dizer-se
que São Paulo lutou heroicamente três meses atendendo a que seu
preparo foi improvisado, pois que nos faltavam armas, munições e
soldados. Para provar a bravura e o denodo do paulista, basta
dizer-se que em certas frentes chegou-se a camuflar canhões e
metralhadoras, improvisando-os com chaminés velhas. Para dar a
impressão ao inimigo de que a nossa artilharia estava bem municiada,
fazíamos estourar “bananas” de dinamite. Esse truque forçava os
aviões legalistas a descarregar suas bombas sobre aqueles falsos
canhões. Também motocicletas e matracas eram utilizadas para fingir
rajadas de metralhadora”.
(Aureliano Leite em O Mundo Ilustrado nº 75 de 7/7/1954)
Após o breve interlúdio democrático, o golpe do Estado Novo em 1937
reinstituiu a ditadura aberta, inspirada no salazarismo e no
fascismo italiano.
- Lira Neto no livro "Livro - Getúlio 2 (1930-1945)" - Companhia das
Letras 2013
Sob aspecto social, a São Paulo dos quatrocentões e dos imigrantes
foi cedendo lugar ao influxo de mineiros e nordestinos alheios às
tradições de 32, a “guerra” paulista perdeu a força do mito.
(Folha de São Paulo – 5/7/1992) |
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Algumas das tropas vindas
do Norte e Nordeste para combater ao lado das
tropas getulistas contra as tropas paulistas. |
Fotos da
Revista Careta (RJ) |
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"O Snr.
Getulio Vargas no 'front' acompanhado do Ministro da Guerra e
officiaes do Posto do Commando observando as posições rebeldes"
(O Globo) |
Prisioneiros
paulistas chegam a Ponta Grossa, no leste do Paraná,
num vagão-gaiola, como se fossem animais.
Getúlio Vargas era um tirano que não contente em apenas vencer,
ainda humilhava seus inimigos. |
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Um dos vários cartazes
criados antes e durante a Revolução. |
Icônica imagem dos
paulistas bloqueando o Túnel da Mantiqueira na divisa com Minas
Gerias. |
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Para acessar
mais fotos da Revolução clicar num dos links abaixo: |
Estadão de 25 de agosto de 1932 |
Estadão de 14 de setembro de
1932 |
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Podem também ver esse outro site, é só clicar |
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