Os
Escoteiros na Revolução Paulista
A participação dos Escoteiros na revolução constitucionalista foi a mais ampla
possível.
Servindo a Cruz Vermelha Brasileira ajudando nos hospitais, entregando
mensagens, atuando nas atividades de logística e, inclusive, apoiando os homens
na frente de batalha.
Aldo
Chioratto
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Única foto dele na
Internet |
Nasceu em Campinas, no
dia 05 de outubro de 1922 e
fazia parte de uma família de classe média muito conhecida na cidade, seu pai,
João Chioratto, era dono de uma tinturaria na região central e sua mãe se chamava
Ada.
João Chioratto (seu pai) nasceu em 1892, em Campinas, casou-se com Ada Rosina Nepoti
e tiveram pelo menos 5 filhos e 2 filhas (os dois últimos morreram logo após o
nascimento, "não confirmado"), faleceu em 9 de abril de 1950, em sua cidade natal, com 59 anos.
Aldo era aluno do Grupo Escolar Orozimbo Maia,
pertencia ao Associação de Escoteiros Ubirajara
e foi incorporado nas tropas paulistas como mensageiro, requisitado que foi pelo
Coronel Mário Rangel.
Gozava de grande estima dos Oficiais do Quartel General pela sua vivacidade e
simpatia. Seu trabalho era transportar a correspondência da estação ferroviária
até o Quartel, em Campinas.
De acordo
com o professor da PUC-Campinas Luiz Roberto Saviani Rey,
18 de setembro era um domingo, e após a entrega da
correspondência, ele iria passear na casa de um tio com a mãe, por isso, ela
também estava na estação quando o "vermelhinho" (como eram chamados os aviões
federalistas) disparou as bombas.
"Na hora
que o vermelhinho baixou, todo mundo saiu para ver. O avião disparou três
bombas. Uma delas caiu no teto da estação, uma caiu numa casa e a outra caiu na
rua e matou o menino. Mais 20 pessoas ficaram gravemente feridas", explica.
A criança foi enterrada em Campinas, mas na década de 60 teve seus restos
mortais transferidos para o
Mausoléu Constitucionalista,
onde agora
repousa
ao lado de outros tantos heróis dessa epopéia.
Segundo a Polícia Militar, o "menino herói" está em lugar de destaque
no monumento junto com generais e capitães, por sua bravura.
No obelisco estão também os
estudantes Martins, Miragaia,
Dráuzio e Camargo (M.M.D.C.), que deram nome ao movimento da resistência
paulista contra a ditadura.
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Um dos panfletos |
Sem
surpresa
No entanto, o professor
Luiz Roberto destaca que o bombardeio não foi uma surpresa para os
campineiros, na mesma semana, aviões federais já haviam sobrevoado a cidade e jogaram panfletos alertando a população,
também realizaram pequenos disparos, mas
sem nenhuma vítima.
Os
ataques
aéreos tiraram a tranquilidade de uma cidade que até então não tinha
envolvimento direto com o conflito, já que não possuía trincheiras. Tentando
acalmar a população, o comando revolucionário da cidade também emitiu avisos aos
moradores sobre como proceder em caso de bombardeio, um deles, inclusive, foi
distribuído no dia da morte da criança.
"- Os
paulistas já estavam perdendo a batalha em Itapira. Os dois mil voluntários de
Campinas já tinham sido derrotados. E decidiram bombardear a Estação da
Paulista para evitar o envio de mais soldados e alimentos, porque era um
importante entroncamento ferroviário, tinha a Paulista e Mogiana", ressalta
o professor.
A revolução estava no seu auge; centenas de vidas já se haviam perdido e São
Paulo resistia graças aos seus valorosos soldados e voluntários.
Campinas, por ser entroncamento ferroviário, era muito assediada pela aviação
“Legalista” que, com seus “Vermelhinhos” castigava constantemente a cidade e
seus postos de resistência.
Em um desses ataques, logo pela manhã do dia 18 de setembro, uma série
de estilhaços (13 ao todo) atingiram o bravo escoteiro que mesmo ferido
mortalmente não abandonou seu bornal de mensageiro.
Ele estava entregando correspondência e o local, segundo levantamento feito por
Chico Marcondes, foi o corredor de uma residência no centro próximo à estação da
estrada de ferro Cia. Mogiana e Paulista.
Aldo Chioratto não resistiu a tão forte ferimentos em seu frágil e valente corpo,
e veio a falecer.
Aquela criança morria (mais uma na conta do ditador Getulio Vargas), sacrificada no altar medonho da guerra; aquela criança
que, acima de tudo fora leal à sua terra, não respirava mais, mas começava a
viver para a eternidade na lembrança dos seus companheiros, do seu chefe, de
seus pais, na lembrança do escotismo de São Paulo.
Últimas
palavras
Quem lê, pesquisa e estuda sobre Revolução de 32, não consegue entender aquele
entusiasmo de crianças e mulheres fazendo roupas e capacetes para os soldados.
Aqueles que tiveram a oportunidade de viver seu ideal escoteiro naquela ocasião
sempre se orgulharam de usar seu lenço escoteiro e dizer: “Eu estive lá e
cumpri meu dever de ajudar o próximo em toda e qualquer ocasião!”
Aldo Chioratto é para o escotismo paulista, o protótipo do escoteiro. É, na
realidade, a personificação do segundo mandamento da lei escoteira: “o
Escoteiro é leal”; foi leal no cumprimento os seus deveres, foi leal aos
princípios e à necessidade de ser responsável, mesmo que isso tenha lhe custado
a própria vida.
Que sua
lembrança jamais seja apagada, e que o 9 de Julho siga sendo, para todos nós,
uma data sagrada de resistência e memória, em Aldo repousa o espírito de um
povo que nunca se ajoelhou. São Paulo
não esquece, São Paulo não perdoa!
Vejam a parte 2 - A Revolução
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Monumento aos heróis de 32 em Campinas |
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Poema de
Paulo Bomfim
à Aldo |
Tumulo no Mausoléu |
Texto
inspirado no site do Grupo Escoteiro Tapajós, a.crescido de
material do G1 e do site
Guardiões de 32
https://getapajos.wordpress.com/aldo-chioratto-e-a-revolucao-de-1932/
https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2015/07/escoteiro-morto-em-ataque-aereo-em-campinas-e-um-dos-herois-de-32.html
Acessem
também o Wikipedia:
pt.m.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Constitucionalista_de_1932
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